segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

É sobre os fogos de artifício...

Cheguei sozinho ao parque, ninguém me reconheceria depois de todos esse anos. Aperto os olhos e também não sei quem são esses que passam. É perto de Meia noite. Me encosto em uma árvore. O céu está bem limpo e estrelado. A cidade esta silenciosa agora, e as pessoas passam por mim com uma certa solenidade que me incomoda.
Saia longa até os pés, no lugar das que usava aos 10 anos que terminavam na altura do joelhos. Onze anos depois e ela trocou o preto por cores de verão. A noite está quente e ela está relaxada e sorridente.
Sim, finalmente me lembrei de alguém. Ela me reconheceria?
Não sei quem é a garota ao seu lado, mas me arrisco assim mesmo. Elas estão se aproximando.
Oi. digo meio pra dentro. Você é a Luna, certo?
Oi? elas dizem juntas, mas ela me reconhece e sorri. Você é? Ela aperta os olhos e se aproxima do meu rosto. Sim você é o Lucas. ela me abraça forte e sem cerimonias. Eu me lembro dessa espontaneidade. Eu não tinha ideia que você estava na cidade.
 Não foi muita escolha. Eu meio que tive que vir para pegar uns documentos e achei melhor aproveitar e assistir a queima de fogos aqui.
Você se lembra da Sara? Luna pergunta indicando a garota do seu lado, que já fazia um gesto negativo como se pudesse responder por mim.
Admito que não te reconheci de início, mas me lembro de você sim digo diretamente para ela. “Sara tiara”, é como te chamavam, certo?
Sem apelidos, “Lulu”, somos adultos agora! Luna me repreende.
É estranho estar aqui falando com pessoas que eram amigas de um outro eu. É como conversar com outra vida. Vida a qual não pertenço a mais de uma década.
Vocês vieram encontrar alguém? — pergunto.
— Não, nós vamos para… — Sara para e olha para Luna. — É melhor você ver.
— Boa ideia, vai ser mais interessante se for uma surpresa. — diz Luna indicando uma das trilhas do parque.
Seguimos entre as árvores. E elas me explicam que há uns anos começaram a fazer uma comemoração na clareira logo no fim da trilha. E a cada metro ficava mais escuro. Aparentemente foi ideia de um produtor de festas que visitou a queima de fogos em 2006. Depois de conhecer a floresta e ele conseguiu as autorizações na prefeitura.
Fiquei imaginando o que aconteceria. Vi pessoas passarem por mim e se misturarem a escuridão. Então começaram os fogos. Explodindo logo a cima da clareira e ofuscando as estrelas. Dez minutos de queima. E a intensidade diminui. Os fogos vão terminando e a clareira fica escura novamente.
Silêncio total.. e começa.
O chão vibra e um som pesado e profundo começa a criar um ritmo. Luna e Sara vão para o meio da clareira junto com outras sombras. Elas dançam no compasso grave que me faz tremer. A música se transforma em uma batida mais interessante conforme outros sons são tocados.
Luzes acendem nas copas das árvores.
E eu entro na dança também, todos esses rostos a minha volta sorriem e dançam com uma alegria inesperada.
Admito que meu alvo para essa noite era a Luna, mas quando sorrio na direção delas Sara parece intensa e forte. O sorriso entre os cachos retribuem meu desejo.
— Com certeza isso foi interessante — sussurro no seu ouvido.
— Ainda não acabou — Sara responde e me acompanha agora em uma dança para dois.
A música aumenta e então ouço. Fogos explodem no ritmo da balada.
Sara sorri e eu avanço. Correspondido me afundo nos lábios dela.

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